Por estes dias a comunicação social, o governo, os grandes da economia e da finança exultam com a Web Summit que está a decorrer em Lisboa.
É só maravilhas redentoras que anunciam um futuro radioso que galvaniza e mobiliza sonhos sem fim e muitas pessoas que não querem perder a oportunidade de estarem bem lá no centro da modernidade tecnológica sem peias nem barreiras.
E de tal modo é a sua capacidade atractiva que milhares de pessoas, de várias nacionalidades se dispõem a pagar do seu bolso as despesas com a sua estadia, transportes, alimentação, para voluntariamente e de forma gratuita trabalharem neste evento. São 2700 voluntários cujo valor do trabalho produzido é calculado em um milhão de euros que vai para os bolsos dos necessitados organizadores do evento.
É claro que os voluntários são voluntários e como é muito “in” poder participar na Web Summit, Paddy Cosgrave, CEO da feira tecnológica não deixa de cobrar, pese embora os milhões com que Estado português o financia.
Esta corrida a este voluntariado lembrou-me uma notícia de há pouco tempo em que se dá conta de que “Dentro da União Europeia, só na Bulgária e na Roménia se faz tão pouco trabalho voluntário.” (Público de 19/07/2019). Trabalho voluntário este prestado em entidades privadas não lucrativas ou em serviços sociais e de cultura.
Pode ser uma questão de “pedigree” que explique estas diferenças. Porém, a grandeza da Web Summit e que mostra bem que os grandes interesses financeiros e económicos, com maior ou menor tecnologia nunca se enganam, ocorreu com a intervenção de Edward Snowden, (por vídeo conferência) ex-administrador de sistemas da CIA que revelou o esquema de espionagem em massa que os Estados Unidos montaram contra os seus próprios cidadãos.
Pois bem, no momento em que Snowden se preparava para dizer o que é necessário fazer para evitar que as grandes empresas tecnológicas acabem com a democracia no Mundo, o moderador cortou-lhe a palavra dizendo-lhe que o tempo se tinha esgotado.
Pois é, os gigantescos interesses financeiros, económicos com mais ou menos tecnologia nunca se enganam. São como o algodão só que os voluntários talvez não saibam.