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Medalhas que envergonham

Aires Pereira presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e a sua vereação atribuíram a medalha de Cidadão Poveiro ao administrador da Varzim Sol S. A., Dionísio Pereira Vinagre, no passado domingo, 16 de Junho em sessão no Cine Teatro Garrett.

Este infeliz agraciamento está em linha com muitos outros (em todo o país) que nos últimos anos têm distinguido muitas personalidades que acabam por serem constituídas arguidas e suspeitas dos mais variados actos ilícitos, manchando a hombridade de tais distinções.

Na realidade, Dionísio Vinagre distinguiu-se, desde sempre – sendo uma marca da sua gestão – por perseguir os trabalhadores, os activistas e delegados sindicais e as suas organizações representativas – Comissão de Trabalhadores e os Sindicatos.

Em 2011 a Administração de Dionísio Vinagre tentou impugnar o acto eleitoral para a Comissão de Trabalhadores do Casino da Póvoa de Varzim sem sucesso.

Em Março de 2014 Dionísio Vinagre continuando a sua sanha contra os trabalhadores acciona um despedimento colectivo que envolve 21 deles, incluindo activistas e delegados sindicais.

Em Janeiro de 2019 o Tribunal de Trabalho de Barcelos anula o despedimento colectivo dos 21 trabalhadores do Casino da Póvoa de Varzim, considerando “ilícito o processo de despedimento” ordenando a reintegração de todos os trabalhadores nos seus postos de trabalho. O tribunal obriga ainda a que os trabalhadores sejam reintegrados “de acordo com a antiguidade e categoria que pertenciam, assim como pagar as retribuições que perderam, acrescidas dos respectivos subsídios de férias e Natal, diuturnidades e subsídio de alimentação, tudo acrescido de juros de mora”.

Apesar da muita propalada responsabilidade social que a empresa diz ter – numa nota interna afirma que um dos seus objectivos é o “desenvolvimento dos seus colaboradores” – não cumpre a ordem do Tribunal que manda reintegrar os trabalhadores mantendo estes e as suas famílias em situação de grande dificuldade, arrastando por tempo indefinido o seu sofrimento.

De realçar que já em Dezembro de 2015 foi noticiado em vários órgãos da comunicação social que os “Casinos do Estoril Sol e da Póvoa de Varzim utilizaram facturas falsas para fugir aos impostos e tiveram que pagar mais de 5 milhões de euros para não serem processadas.

É pois uma personalidade muito questionável quanto à responsabilidade social que apregoa, que se mostra indiferente às muitas dificuldades e à angústia das famílias dos trabalhadores ilegalmente despedidos que o Presidente e a vereação da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim decidem agraciar.

Aires Pereira e a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim estão assim a caucionar o despedimento ilegal dos trabalhadores e a gestão, no mínimo controversa, de Dionísio Vinagre.

A verdade é que há medalhas que deviam envergonhar quem as atribui.

Aires Pereira com Dionísio Vinagre, o medalhado

publicado em O Navio de Espelhos